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Hibridação somática e obtenção de porta-enxertos em maracujá

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O valor comercial e rentabilidade do maracujá doce (Passiflora alata Dryand.) e do maracujá amarelo (P. edulis Sims f. flavicarpa Deg.) têm atraído a atenção dos produtores - cerca de R$ 8 mil por hectare plantado. Entretanto, o baixo emprego de tecnologia e uso de sementes de baixa qualidade, bem como a susceptibilidade a doenças do solo, tais como a fusariose e a podridão-de-caule tem levado a desuniformidades na idade das plantas, tipo de frutos e produção, dificultando os tratos culturais e obrigando o produtor a cultivos itinerantes. Uma das soluções para os problemas levantados consiste na obtenção de porta-enxerto resistente aos patógenos responsáveis por tais doenças. Para tanto, o uso da hibridação somática, mediante a fusão de protoplastos, seria uma boa estratégia, uma vez que o uso desta técnica permite combinar indivíduos que apresentem resistência a dois diferentes patógenos e obter como resultado a expressão de ambas as resistências no híbrido. Este híbrido resultante seria, então, utilizado como porta-enxerto para os cultivares utilizados como copa.

A coordenadora do projeto “Hibridação somática entre espécies de Passiflora spp. visando à obtenção de porta-enxertos resistentes a patógenos de solo”, Marines Marli Gniech Karasawa, engenheira agrônoma e doutora em genética e melhoramento de plantas, falou com a BIOTEC sobre estes primeiros passos do projeto e sobre a fase de indução embriogênica que está em curso. Tendo recebido treinamento de pesquisadores reconhecidos como o Prof. Dr. Augusto Tulmann Neto e Prof. Dr. Francisco de Assis Alves Mourão Filho, da Universidade de São Paulo, explicou como o projeto nasceu. A idéia base foi preencher a lacuna existente no grupo de pesquisa com respeito a estudos relativos a doenças de maracujazeiros causadas por patógenos de solo, explica a pesquisadora. Na região de Livramento de Nossa Senhora/Bahia (maior área contígua do nordeste de plantio de maracujazeiro amarelo P. edulis Sims f. flavicarpa Deg.) os problemas causados por patógenos de solo são limitantes para a cultura tornando-a itinerante, reduzindo a renda per capita dos produtores em função dos altos custos da implantação de novos pomares, custos com produtos químicos e redução do período de produção, explica Marines.    Sustentado com verba de editais internos (UESB) e de órgãos de fomento a pesquisa tais como o CNPq e FAPESB, o grupo de pesquisa “Genética e Biotecnologia da Resistência de Maracujazeiros ao Estresse Biótico e Abiótico” da UESB é liderado pelo Prof. Antônio Carlos de Oliveira. A cooperação entre coordenadores das diferentes linhas de pesquisa do grupo e com pessoas de outras instituições do Estado da Bahia e outros Estados do Brasil tem o objetivo de maximizar os resultados. O principal objetivo do grupo consiste de fato em solucionar problemas que tangem a cultura do maracujazeiro no Sudoeste da Bahia. Um dos resultados mais expressivos do grupo de pesquisa até ao momento é que a severidade da virose foliar do endurecimento pode ser reduzida com a aplicação de indutores abióticos. O material analisado no Laboratório de Biologia Geral provém dos Bancos de Germoplasma de Maracujá da UESB, EMBRAPA e UESC. Neste laboratório as linhas de pesquisa em andamento são coleta de germoplasma e caracterização citogenética, genômica e reprodutiva de espécies de Passiflora, emprego de Biotecnologia em análises genética e patológica de patossistemas vegetais, indução sistêmica da resistência de plantas a patógenos, entre outras. 

Questionada sobre a existência de outros projetos dessa linha no mundo Marines afirmou que existem principalmente com a cultura do citros em países como os Estados Unidos, França, Espanha e Israel. Em citros, já existem protocolos e rotinas bem estabelecidas para gerar híbridos somáticos. Neste, os principais enfoques são de gerar híbridos resistentes a patógenos de solo que sirvam de porta-enxerto para os cultivares copa e, híbridos que possam ser utilizados em cruzamentos sexuais visando produzir plantas triplóides que geram frutos sem sementes. Com maracujá, existem muitos trabalhos em andamento no Brasil. Entre os trabalhos publicados, com maracujá, muitos são relativos à otimização de protocolos para indução embriogênica em diferentes explantes, isolamento e cultivo de protoplastos, suspensão celular e até na fusão obtendo híbridos somáticos, concluiu Marines. 

Lembramos que se encontra em nossos acervos outra matéria sobre maracujá na qual a Embrapa Cerrados coordena um projeto intitulado “Técnicas de cultura de tecidos vegetais in vitro e ex-vitro visando a limpeza clonal do maracujazeiro (Passiflora edutis sims)”.

  
16/05/2007
 

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