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Pesquisa tenta minimizar os prejuízos da soja com a estiagem

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O estresse hídrico nas plantas, causado pela escassez de água na época de estiagem, tem causado grandes quedas na produção agrícola no Brasil, gerando grandes prejuízos econômicos ao país. Estudos na área de biotecnologia direcionados ao melhoramento genético de plantas, têm trazido grandes avanços, no sentido de amenizar esses problemas. 

No estado do Paraná, grande produtor de grãos, entre eles a soja, a estiagem tem causado grandes prejuízos aos agricultores, avaliados entre os anos de 2004, 2005 e 2006 em cerca de US$ 5 bilhões. Para tentar minimizar esse prejuízo, pesquisadores da Embrapa do escritório regional de Londrina, estão desenvolvendo um tipo de soja geneticamente modificada com maior tolerância à seca, essas alterações permitirão que as sementes passem mais tempo sem necessitar de água.

Essa nova variedade, apresentada no Congresso Brasileiro de Soja, em Londrina na última quarta-feira, 7, se caracteriza por uma maior resistência á estiagem do que as variedades convencionais, além de não abortar as sementes antes da colheita, no entanto o tempo de resistência ainda não está bem definido pois os resultados permanecem no âmbito laboratorial, apesar da resistência já estar comprovada. 

Segundo Alexandre Nepomuceno, pesquisador da Embrapa Londrina e coordenador do projeto, a utilização dessa nova variedade ajudará a ganhar tempo antes que as plantas comecem a abortar as sementes. A comercialização dessa variedade de soja transgênica  fica dificultada pela burocracia na liberação de projetos  e pela demora nos testes, os quais precisam de autorização da Comissão Técnica Nacional de biossegurança (CTNBio).      Os primeiros testes, a campo, com a soja tolerante à seca, devem acontecer em novembro de 2007 ou 2008,  podendo significar a comprovação dos testes realizados em laboratório pela Embrapa de Londrina, o que não garante que os grãos sejam comercializados em curto espaço de tempo, o que deve levar cerca de dez anos para acontecer. Segundo o pesquisador Alexandre Nepomuceno, o país poderia triplicar a área de produção de soja, caso adotasse a lei da livre biotecnologia.

Ainda segundo o pesquisador, países como Argentina, Estados Unidos, Austrália, Canadá, China, já plantam e comercializam produtos geneticamente modificados. No entanto, a falta de uma política favorável aos transgênicos no Brasil, o produtor fica sem essa opção.       
 
 
Biotecnologia à serviço da agricultura

Uma parceria do governo japonês com a Embrapa, possibilitou a combinação do gene Dreb, sigla em inglês para Dehydration Responsive Element Binding Protein ou Proteína de Resposta à Desidratação Celular, extraído da Arabidopsis thaliana, com os genes da soja convencional. 

No momento em que a planta começa a perder água, o gene Dreb se liga aos genes da planta diminuindo essa perda, agindo como um mecanismo de proteção, prolongando o tempo da planta em situações de estiagem.      
 
 
Estudos com o gene Dreb

O estresse provocado por déficit hídrico, baixa temperatura e alta concentração salina nos solo vem sendo amplamente estudado. Vários genes foram isolados, caracterizados e introduzidos em plantas. Um deles -- que responde à desidratação (DRE) -- mostrou ter papel importante na regulação da expressão de genes em resposta ao estresse hídrico e à baixa temperatura.

O gene DREB1A foi introduzido em várias plantas, mostrando que podeconferir alta tolerância ao estresse hídrico. Genes DREB têm sido inseridos em plantas de soja e trigo com o objetivo de obter plantas mais tolerantes ao déficit hídrico. Em experiência feita pelo Centro Internacional de Mejoramiento de Maíz y Trigo (CIMMYT), do México, em que o gene DREB1A foi introduzido no trigo, as plantas transgênicas foram capazes de tolerar um período de 15 dias sem irrigação, em condições de campo, apresentando apenas uma redução na turgescência das folhas.

    
20/06/2006
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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