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Centro de Energia Nuclear na Agricultura estuda plantas de café tratadas com silício

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O potencial benéfico do Si nas plantas tem sido extensivamente estudado e o Laboratório de Biologia Celular e Molecular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA/USP), em Piracicaba, não tem medido esforços para compreender melhor os processos bioquímicos e moleculares que dele fazem parte. Recentemente o papel do silício nas plantas é reconhecido por aliviar os estresses bióticos e abióticos. Este é o único elemento que confere resistência às plantas a múltiplos fatores de stress e também é considerado o único elemento que não causa danos às plantas quando acumulado em excesso. 

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas no Laboratório do CENA-USP sobre o papel do Si em plantas, sob coordenação da Prof. Dra. Siu Mui Tsai e do Dr. Oscar Fontão-Filho (EMBRAPA-CNPAO), além da equipe do Instituto Biológico – Drs. Ricardo Harakava e Sylvia Dias Guzzo. Neste estudo, a doutoranda e biomédica Juliana explicou à BIOTEC que a escolha do seu trabalho foi feita a partir de resultados prévios obtidos pela Dra. Sylvia, sobre a indução de genes de defesa em plantas de café susceptíveis a ferrugem. “O estudo anterior utilizava um indutor químico (BTH) e, portanto não se enquadrava nas questões sobre manejo ecológico de doenças. 

Como já existiam dados sobre o silício em outras culturas, resolvemos incluir esta pesquisa em plantas de café, uma vez que esta cultura é tida como uma das principais fontes de divisas para o país”, explicou a jovem pesquisadora. “Se conseguirmos esta resposta de indução com sucesso, este composto poderá reduzir em até 50% o custo de produção sem causar danos ambientais ou aos trabalhadores”, salienta, e “com informações sobre quais genes de defesa eram induzidos numa reação compatível, é possível comparar com os resultados obtidos no presente estudo”, explica Juliana à BIOTEC. 

“Com os resultados obtidos nesta primeira fase do trabalho foi possível verificar que apesar das plantas de cafeeiro não absorverem eficazmente o composto, mesmo assim houve uma correlação com a redução do número de lesões”, continua a jovem pesquisadora. Deste modo, o trabalho segue com a proposta inicial de identificar os prováveis processos bioquímicos e moleculares envolvidos.

“Pretendemos encontrar a natureza molecular do processo de resistência, só assim poderemos confirmar se o composto estudado, no caso o Silício, é capaz de induzir a expressão de genes de defesa em plantas tratadas” sublinhou Juliana.

A doutoranda mostrou à BIOTEC sobre a aplicabilidade do trabalho que dois tipos de atitudes podem ser gerados com os resultados: “a aplicação no melhoramento genético de plantas de café a partir dos genes identificados responsáveis pelo processo de defesa das plantas e a partir dos resultados promissores das fontes de silício, a obtenção de produtos comerciais viáveis de baixo impacto ambiental”.

Em termos de resultados concretos Juliana adiantou que até ao presente momento, o trabalho realizado mostrou que o silicato de potássio é capaz de reduzir em até 66% o número de lesões por cm2 em folhas de cafeeiro infectadas com Hemileia vastatrix, agente causador da ferrugem. Com estes dados é possível inferir uma possível proteção deste composto contra a doença que mais ataca os cafezais. Para Juliana, o resultado mais curioso que detectou foi que o composto estudado possui sim um potencial na redução dos sintomas da ferrugem em plantas de cafeeiro.

  
18/06/2006
 

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