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Pesquisa estuda interação entre microrganismos endofíticos e cana transgênica

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A cana-de-açúcar é a mais importante cultura no estado de São Paulo, portanto, estudar o efeito de cana geneticamente modificada no ambiente é de suma importância para toda a sociedade brasileira. Um novo projeto reuniu interesses da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz com o Centro de Tecnologia de Canavieira (CTC) com o objetivo de estudar o efeito das comunidades microbianas na cana geneticamente modificada. Com contribuições vindas da FAPESP, além do apoio do CTC que cedeu a área experimental do projeto, inúmeros alunos da pós-graduação desenvolveram seus projetos vinculados ao estudo desta interação usando diversas técnicas da biologia molecular consideradas de ponta.

Sob coordenação do Prof. Welington Araújo, orientação da Profa. Aline Pizzzirani-Kleiner, com financiamento da FAPESP e parceria com o CTC um novo projeto está sendo desenvolvido na ESALQ. O intuito é avaliar o efeito de organismos geneticamente modificados (plantas e bactérias) na microbiota associada, buscando também desenvolver microrganismos com potencial biocontrole. A doutoranda Maria Carolina Quecine, que desenvolve seu projeto no Laboratório de Genética de Microrganismos João Lúcio de Azevedo do Departamento de Genética da ESALQ/USP, explica que sempre trabalhou com bactérias endofíticas e que estas têm um grande potencial biotecnológico, tanto para a indústria (clonagem do gene EglA – uma celulase) como para controle biológico (actinomicetos como produtores de antifúngicos). 

O Projeto da jovem pesquisadora poderá contribuir de forma substancial no estudo dos efeitos de plantas transgênicas no ambiente. Esses resultados elucidarão se PGMs (plantas geneticamente modificadas) podem alterar a microbiota associada e desta forma quantificar o impacto ao meio ambiente. A hipótese que dá direcionamento ao trabalho faz uma associação entre organismos geneticamente modificados e a comunidade microbiana. “Pretendemos estudar como isso ocorre e quais efeitos”, completa Quecine.

As bactérias utilizadas no projeto da doutoranda serão linhagens endofíticas de Pantoea agglomerans, associadas à cana-de-açúcar geneticamente modificada. Também usarão o isolado Streptomyces diastatochromogenes a partir do qual será construída a biblioteca genômica para clonagem do gene da quitinase. As avaliações da interação entre bactérias endofíticas e PGM serão realizadas por PCR quantitativo e a marcação da bactéria será feita com o gene da GFP (green fluorescent protein) a fim de se estudar expressão diferencial de genes e o padrão de colonização das bactérias, comparando sempre PGMs e convencionais.     Paralelamente, visando estudar o potencial de biocontrole de bactérias geneticamente modificadas, quando já estabelecidos o padrão de colonização das bactérias transformadas expressando o gene da quitinase, será inoculado, em conjunto, o fungo Fusarium moliniforme e uma bactéria quitinolítica e avaliado após alguns dias o potencial controle do fungo patogênico pela bactéria quitinolítica. Já na avaliação do controle da Diatraea saccharallis (lagarta da cana), o inseto será alimentado com fragmento do colmo já inoculado com a bacteria P. agglomerans (produtora de quitinase) e o índice de mortalidade da mesma serão avaliados.

O estudo do efeito de PGMs sobre comunidades microbianas associadas é de suma importância para validar ou não o uso destes organismos. Fruto de estudos biotecnológicos, o estudo de microrganismos endofíticos está intimamente ligado à biotecnologia e muito tem para oferecer ao homem.

  
31/05/2006
 

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