Embrapa decifra mapa genético da banana |
. |
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou este mês a conclusão da primeira fase do projeto genoma da banana, que busca o aprimoramento da produção do fruto. O trabalho, iniciado em 2002, foi realizado em parceria com a Universidade Católica de Brasília e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD-Flhor), da França. O grupo também lançou o DataMusa, um banco de dados com as mais recentes descobertas, voltado para o melhoramento genético e de transgenia para a cultura da banana. O anúncio foi feito em Brasília pelo presidente da Embrapa, Silvio Crestana, e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. O DataMusa contém 40 mil seqüências de DNA que permitiram a identificação de cerca de cinco mil genes. Com isso, é o segundo maior do mundo em genômica da banana. O primeiro é o da anglo-suíça Syngenta, que tem 80 mil seqüências. O projeto recebeu crédito de R$ 550 mil do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Benefícios A conclusão dessa etapa conduzirá a pesquisas para gerar variações de banana resistentes a doenças causadas por fungos, bactérias e insetos. Além disso, os estudos poderão criar frutos mais tolerantes à seca, com maior valor nutricional, melhor aspecto e sabor. De acordo com Crestana, o DataMusa representa um passo determinante para impulsionar as pesquisas com banana no Brasil. A segunda fase do projeto será a validação dos genes identificados, isto é, o estudo de suas possíveis funções. Com o seqüenciamento genético será possível a criação de variedades mais nutritivas, com melhor aspecto e mais resistentes a doenças e tolerantes ao calor, ao frio e à seca. A conclusão do DataMusa ainda necessitará de investimentos da ordem de R$ 300 mil, já solicitados ao CNPq. Pesquisa Conforme o agrônomo e coordenador da pesquisa, Manoel Teixeira Souza Júnior, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, na realidade, os cinco mil genes identificados até agora não vieram diretamente do genoma da planta, mas do transcriptoma - genes ativos, que chegam à forma de mRNA, a molécula-irmã do DNA. Também foram identificados 113 promotores - segmentos de DNA que regulam quando e como os genes são ativados. "Já encontramos diversos homólogos de genes anteriormente descritos que parecem ter relação com a resistência a nematóides, insetos e fungos", acrescentou. Os dados da pesquisa serão importantes para ajudar bananais de todo o mundo. As bananas que chegam à mesa do consumidor são híbridos estéreis de duas espécies diferentes: a Musa acuminata e a M. balbisiana, conhecidas por A e B. Elas normalmente têm três conjuntos de 11 cromossomos. Por exemplo, a banana-prata possui dois genomas A e um B, enquanto a banana-nanica tem três genomas A. Por essa razão, explica o agrônomo, é praticamente impossível introduzir características, como resistência a pragas, em tais variedades, que são as mais populares comercialmente. Elas são basicamente clones umas das outras, por isso, pragas como o fungo Sigatoka Negra têm trazido muitos prejuízos às plantações. Produção Resistência
Consórcio O projeto do dr. Froguel teve início em 2002, sob influência do Global Musa Genomics Consortium, consórcio entre 15 países para seqüenciar o genoma da espécie silvestre Musa acuminata. Fazem parte do grupo Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra, Japão, Malásia, México, Nigéria, República Tcheca e Uganda.
25/07/2005
|
© BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.