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Bactéria bloqueia vírus da dengue

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Os esforços da comunidade científica, tanto no Brasil como no resto do mundo, para o combate à dengue, estão dando resultados bastante promissores, seja através da prevenção, por meio da informação às comunidades de áreas de risco, seja pelo desenvolvimento de técnicas que agem diretamente no vetor (Aedes aegypti) ou no vírus causador da doença.

Em um recente estudo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores australianos, liderados pelo cientista da Universidade de Monash (Melbourne, Austrália), Scott O’Neill, é possível diminuir a vida do mosquito transmissor da dengue utilizando a alfa-proteobactéria Wolbachia pipientis.

Esse microrganismo vive em simbiose no citoplasma das células de insetos, crustáceos, ácaros e nematóides filariais. Ao longo do processo evolutivo, diversos mecanismos possibilitaram uma maior eficiência de transmissão da bactéria. Apesar do pouco conhecimento sobre a sua genética e bioquímica, sabe-se que ela tem afinidade por estruturas chamadas microtúbulos que estão associados às divisões iniciais dos ovos, o que explica muito dos efeitos dessa relação simbiótica.

Quando isolada, a W. pipientis vem sendo utilizada como vetor para a modificação de populações de insetos selvagens, na melhoria de vespas parasitóides para o controle biológico de pragas, e como um novo método para interferir nas doenças causadas por nematóides filariais.

Apesar de ser um hospedeiro natural de invertebrados, existem algumas espécies, as quais ela não se associa, como é o caso por exemplo do mosquito da dengue. No entanto, de acordo com o estudo desenvolvido pelos pesquisadores australianos, do qual participa o entomologista molecular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luciano Moreira, a inoculação dessa bactéria poderia também reduzir a longevidade do mosquito, diminuindo a sua capacidade de transmitir o vírus.

Em entrevista à Agência Fapesp, o cientista da Fiocruz explicou que o objetivo inicial era fazer com o que o mosquito transmissor tivesse metade do tempo normal de vida, e que em consequência disso, minimizaria as chances de transmissão do vírus, pois com esse encurtamento o inseto não conseguiria se alimentar, portanto não se infectaria. Para a surpresa dos pesquisadores, ao inocular o inseto com a bactéria, não somente o tempo de vida do mosquito diminuiu, mas o vírus também não se desenvolveu.

Segundo informou o pesquisador brasileiro, com a descoberta de uma nova cepa de W. pipientis pelos cientistas australianos, que tem ação somente sobre o vírus, a idéia de encurtar a vida do mosquito já não é mais levada tanto em consideração. A linhagem de mosquitos com a bactéria foi trazida para o Brasil por Moreira e cruzada com mosquitos brasileiros em laboratório. Segundo ele, a soltura terá início em 2014 no Rio de Janeiro, assim como já foi feito na Austrália e como deverá ocorrer no Vietnã e na Indonésia.

15/10/2012
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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