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Lipossoma trata leishmaniose visceral

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O pesquisador do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, Dr. André Gustavo Tempone, liderou o estudo para testar a buparvaquona, fármaco utilizado para tratar alguns tipos de parasitoses em animais e que mostrou alta eficácia contra a leishmaniose visceral em modelos animais.

Em entrevista dada à Agência FAPESP, Tempone explicou que já se sabia que este é um dos fármacos mais ativos contra a leishmania no modelo in vitro, mas que a sua ação nunca havia sido reportada em modelos in vivo.

Neste estudo, os pesquisadores constataram que a eficácia da buparvaquona contra a leishmania foi a mesma, quando comparado com o medicamento utilizado mais comumente, porém com uma dose 150 vezes menor. Segundo o cientista, apesar dos testes in vitro terem mostrado muita eficácia, em modelos animais a ação sempre foi limitada, pois a droga não chegava ao fígado e ao baço dos animais.

A leishmaniose visceral, ou calazar, é uma doença transmitida pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) que, ao picar, introduz na circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi. Dentre outras características, ela causa um aumento do fígado e do baço.

O método aplicado pelos pesquisadores para superar esse entrave, foi utilizar lipossomas – estrutura esférica e microscópica constituída por uma membrana dupla de fosfolipídeos e que contém uma solução aquosa, usada para transportar drogas a células doentes – como um carreador. Foram utilizados lipossomas convencionais, ao invés dos nanolipossomas, no intuito de fazer uma formulação mais simples. O uso dessa metodologia visa facilitar a escala de produção na indústria, revelou Tempone.

Para obterem êxito no transporte da buparvaquona paras as células alvo, os pesquisadores usaram na formulação do lipossoma um fosfolipídeo modificado, que dá um direcionamento para o macrófago, que no caso da leishmaniose é a célula hospedeira que está presente no fígado e no baço do animal.

Foram utilizados como modelo animal, hamsters infectados com a Leishmania chagasi e os resultados mostraram que a droga, contida na formulação do lipossomo, foi levada para ambos os órgãos dos animais. Outro resultado observado foi uma redução de 89% na carga parasitária no baço e de 67% no fígado.

O foco dos cientistas agora é continuar as pesquisas com animais, com o objetivo de obter informações mais precisas sobre as vias de administração, a posologia adequada, o tempo de administração ideal e a dinâmica de biodistribuição lipossomal desse fármaco no modelo animal.

Além das vantagens para os pacientes essa metodologia será importante também, do ponto de vista da saúde pública, já que o fármaco estará no mercado em um espaço de tempo reduzido.

10/02/2012
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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