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Nova terapia regenera tecidos da pele

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O uso de técnicas de engenharia biológica e de tecidos, juntamente com o vasto conhecimento já adquirido sobre as células-tronco, pode ajudar na recuperação de pacientes acometidos por diferentes doenças de pele e que tiveram parte do tecido cutâneo lesionado.

Essa foi a conclusão a que chegaram os pesquisadores da Universidade Carlos III (UC3M), Madri, Espanha, após terem desenvolvido um estudo sobre o potencial regenerativo de células-tronco cutâneas, no intuito de criar em laboratório a camada superficial da pele de pacientes. Em entrevista ao portal Science Daily, a engenheira da UC3M, Marcela del Rio revelou que ela, juntamente com um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisas de Energia, Ambiental e Tecnológico (CIEMAT) e do Centro para Pesquisa Biomédica em  Doenças Raras (CIBERER), descobriram que o potencial regenerativo dessas células pode ser preservado in vitro, se as células são unidas e se tornam parte da pele a partir do uso de técnicas de bioengenharia de tecidos.

O estudo, que foi publicado na edição de maio do Journal of Investigative Dermatology, descreve o estabelecimento de dois diferentes sistemas-modelo de peles humanizadas acometidas pela paquioníquia congênita (PC) – uma rara desordem genética da pele causada por uma mutação num dos quatro genes conhecidos como responsáveis pela formação da queratina: K6a, K6b, K16 ou K17. Esses modelos baseiam-se em enxertos permanentes de pele retirada de pacientes, gerados por técnicas de bioengenharia, em ratos imunodeficientes.

Em seus experimentos, a equipe de cientistas utilizou os queratinócitos (células do tecido epitelial responsáveis pela síntese de queratina) e os fibroblastos (células do tecido conjuntivo) retirados de biópsias da pele não afetada de dois pacientes acometidos pela PC, e que carregavam a mutação p.Asn1171Lys no gene queratina 6a (KRT6A). A partir daí, eles conseguiram regenerar pele humana acometida pela paquioníquia congênita, a qual se mostrou fenotipicamente normal, no entanto, o tecido desenvolveu características da PC que se mantiveram após a utilização de um estímulo hiperproliferativo agudo.

Resutado diferente se deu com o uso dos queratinócitos em uma área afetada de um outro paciente que possuia a mutação p.Asn171Asp, no gene KRT6A, que levou à recapitulação completa do fenótipo, incluindo acantose (acantose nigricante ou acantosis nigricans) – caracterizada pelo escurecimento da pele das dobras do corpo e pregas cutâneas, que se tornam espessas e aveludadas – e a formação de bolhas epidérmicas após um trauma mínimo.

No final, o que foi observado é que a pele humana foi regenerada nos animais imunodeficientes, com o restabelecimento normal da sua estrutura e função. A pesquisadora acrescentou ainda que os estudos pré-clínicos podem ser transferidos para a prática clínica a médio prazo, tornando-se uma estratégia terapêutica para os pacientes que por ventura não tenham tido sucesso com outros tratamentos.

21/10/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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