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Anticorpos mais eficientes

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O desenvolvimento dos coquetéis de medicamentos para o tratamento da AIDS causou importantes e significativos avanços para diminuição das mortes e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Seguramente esse foi um grande passo e que abriu portas para diversas pesquisas que visam a criação de uma vacina que impeça a infecção pelo vírus.

Uma das mais recentes descobertas, realizada por pesquisadores do Centro de Pesquisas de Vacinas (em inglês, VCR), pertencente ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) e parte do Instituto Nacional de Saúde, EUA, pode ser mais uma esperança para encontrar a cura dessa doença.

O artigo publicado na edição do dia 15 de julho da revista Science Express traz os resultados de pesquisas sobre anticorpos que evoluíram a ponto de conseguirem neutralizar o vírus da AIDS. Além de ser uma nova arma no combate ao HIV, a técnica desenvolvida servirá também para outros patógenos, informou ao Science Express, o diretor do NIAID, Anthony S. Fauci.

A produção de uma nova vacina será baseada nas descobertas feitas pelos cientistas sobre três anticorpos - VRC01, VRC02 e VRC03, dos quais dois mostraram-se capazes de bloquear a ação de mais de 90 por cento das cepas de HIV que infectaram células humanas em laboratório. Os mesmos foram encontrados em amostras de sangue de indivíduos norte-americanos chamados doadores 45 que foram cedidas ao NIAID. No estudo atual, foram encontrados anticorpos semelhantes ao VRC01 no sangue de dois indivíduos africanos infectados chamados de doadores 74 e 0219.

Neste estudo os cientistas mostraram que o VRC01, uma imunoglobulina, tem elevado poder de neutralização do HIV-1, e para demonstrar essa capacidade, os cientistas usaram a técnica de cristalografia de raios-X e de pirosequenciamento 454 para caracterizar esses anticorpos em indivíduos infectados. No pirosequenciamento, a síntese de DNA ocorre através de um complexo de reações que inclui enzimas (ATP sulfurilase e luciferase) e substratos (adenosina 5’ fosfossulfato e luciferina). O grupo pirofosfato, liberado durante a adição de um nucleotídeo, resulta na produção de luz detectável. No pirosequenciamento do tipo 454, o preparo das amostras envolve a fragmentação do DNA genômico. Em seguida, sequências adaptadoras são ligadas aos fragmentos e o DNA alvo é então amplificado em contas microscópicas, pelo método de PCR em emulsão (emPCR).

Por meio dessas análises, os pesquisadores observaram que os cristais tinham um tipo convergente de ligação para diferentes classes de anticorpos, ocorrendo sempre no mesmo sítio de ligação chamado CD4. Por meio de uma análise genômica funcional que expressa cadeias leves e pesadas, os cientistas mostraram que existem rotas comuns para a maturação de cadeias pesadas de anticorpos. Essas cadeias estão presentes em linhagens de IGHV1-2 (immunoglobulin heavy variable 1-2) que envolve dezenas de modificações somáticas, possibilitando o emparelhamento com tipos diferentes de cadeias leves.

A ampla capacidade do sistema imune de neutralização do vírus HIV-1, somada aos anticorpos VCR01 envolve um processo evolutivo dessas estruturas, levando a um alto estado de afinidade que permite o reconhecimento dos vírus, com pouca variação entre as linhagens desses microrganismos, as quais foram definidas a partir de centenas de sequências genômicas. Com essas informações será possível desenvolver vacinas mais eficientes, com anticorpos capazes de se ligarem aos vírus com maior facilidade e posterior neutralização.

19/08/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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