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Novo medicamento para tratamento de câncer é aprovado nos EUA

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Derivado de anticorpos de camundongos, Avastin é resultado de trinta anos de pesquisas

Um novo medicamento para pacientes com câncer de cólon em estado avançado acaba de ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos.  O câncer de cólon é o terceiro câncer mais comum entre homens e mulheres nos EUA, e cerca de 57.000 pessoas devem morrer do mal ainda este ano.

Através de uma nova forma de atuação, o medicamento Avastin, aprovado no final de fevereiro, promete mudar o tratamento do câncer de cólon. A droga, uma criação da empresa Genentech, restringe a criação de vasos sanguíneos na região do câncer, “asfixiando” o tumor.

De acordo com seus criadores, o Avastin é o resultado de um sonho antigo, uma teoria já desacreditada por muitos. Há mais de trinta anos, o médico Judah Folkman, da Universidade de Harvard, nos EUA, lançou a hipótese de medicamentos que pudessem suprimir os tumores. Em todos estes anos, porém, ninguém acreditava que fosse possível criar um medicamento desse tipo, até agora.   
 
 
Anticorpos de camundongos

O Avastin é, na verdade, uma versão geneticamente alterada de anticorpos de camundongos. Com a modificação, o anticorpo retirado do animal passa a possuir também componentes humanos e, por processos especiais, é produzido em larga escala.

Avastin é um anticorpo monoclonal (proteína geneticamente modificada), que se liga aos “fatores de crescimento das células endoteliais vasculares” (V.E.G.F.), proteínas do corpo humano que estimulam o crescimento de novas veias e vasos sangüíneos no tumor, inibindo sua atuação especificamente na região tumoral. 

Assim, o tumor deixa de receber oxigênio e nutrientes em quantidade suficiente para crescer e se desenvolver, impedindo portanto a sua evolução. Em tese, este é o funcionamento do Avastin, mas alguns especialistas no assunto afirmam que ainda existem algumas incertezas de como realmente o medicamento atua.

Os testes foram feitos em mais de 800 pacientes com câncer de cólon em estágio avançado (metástase). Metade deles recebeu o tratamento convencional de quimioterapia, que inclui as drogas 5-Fluoracil, Irinotecan e Leucovorin. A outra metade recebeu, além do tratamento convencional, em doses bissemanais, o novo medicamento Avastin.

Nos pacientes tratados com Avastin, o tempo de vida médio foi estendido em 5 meses, em média, e o tempo médio de reinício do crescimento dos tumores após o fim do tratamento foi 4 meses maior com aqueles que não receberam Avastin.

O Avastin, no entanto, não é o único remédio para tratamento de câncer de cólon aprovado recentemente pela FDA.

Outro novo medicamento para tratamento de tumores na região do cólon, aprovado duas semanas antes, é o Erbitux, da ImClone Systems. Como o Avastin, o Erbitux é também um anticorpo monoclonal modificado, mas que atua junto a outras proteínas. No tratamento quimioterápico o Erbitux serve como substitutivo ao Irinotecan, um dos componentes da fórmula tradicional, e não como complemento, ao contrário do Avastin.  

 
Efeitos Colaterais

Apesar de todo o benefício observado, no entanto, o Avastin possui, como todo medicamento, efeitos colaterais, alguns muito fortes. De acordo com a pesquisa realizada, aqueles que receberam Avastin viveram cerca de cinco meses mais que os outros, mas em alguns casos foram detectadas perfurações intestinais graves causadas pelo uso do Avastin, e em vários casos necessitaram de intervenção cirúrgica. Em relação a isso, a empresa alega que as perfurações podem ser decorrentes da diminuição do câncer, deixando um “espaço vazio” onde antes estava o tumor.

Além disso, efeitos mais comuns são dor de cabeça, aumento na pressão sangüínea, diminuição do número de leucócitos, diarréia e cansaço.     
 
 
Rendimentos   
 
O Avastin promete gerar muitos lucros para a Genentech. Na bolsa de valores americana, os frutos já estão sendo colhidos. Com o desenvolvimento da pesquisa, o valor de cada título subiu de US$7,02 para US$103,10, em fevereiro deste ano. As ações estão em alta desde maio passado, quando os investidores souberam da grande eficácia do produto. Desde então, o Avastin ajudou também a valorizar as ações do mercado de biotecnologia como um todo.

Além da valorização de suas ações, a Genentech espera, ainda este ano, um gordo retorno de seus invetimentos. Afinal, o Avastin deverá custar, inicialmente, US$4.400,00 por mês a cada paciente por 10 meses, tempo previsto inicialmente para o tratamento. Já o tratamento com o Erbitux deverá custar cerca de US$10.000,00 por mês, mas o tempo de tratamento é menor, cerca de seis meses.

Dessa forma, com as novas aprovações da FDA para o tratamento de câncer de cólon, os médicos agora tem uma nova variedade de possibilidades de tratamento para os pacientes, inclusive porque, em 2002, a FDA também havia aprovado outro medicamento para o mesmo tipo de câncer, o Eloxatin, da empresa Sanofi-Synthélabo.

O Avastin também será testado para tratar outras formas de câncer, como o de seio e pulmão, mas por enquanto os estudos ainda estão em fase inicial.  
 
 
04/03/2004
 

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