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Mais um invertebrado tem seu genoma sequenciado

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A classe dos insetos é a mais extensa dentre as divisões que foram feitas para fins de estudos dos seres vivos. Muitos desses insetos são polinizadores, e durante a evolução conseguiram atingir um certo grau de desenvolvimentos social, agrupando-se em comunidades ou colônias, nas quais existe nítida distribuição de trabalho entre os indivíduos que as compõe, todos com o mesmo objetivo, que é o da sobrevivência do grupo.

As abelhas são insetos de grande utilidade ao homem e à natureza, realizando a polinização, produzindo mel, a cera, a geléia real, o própolis, o veneno, produtos aproveitados como alimento ou para outras finalidades de interesse.

Um consórcio internacional de pesquisadores que contou com a participação de brasileiros, realizou o seqüenciamento do genoma da espécie de abelha Apis mellifera, famosa pela alta produção e qualidade do seu mel.

Para o projeto de sequenciamento do genoma da abelha, realizou-se o estudo de diferentes aspectos relacionados a este inseto, tais como seus instintos sociais e comportamentais. Além disso, o estudo das abelhas pode ajudar no esclarecimento de questões relacionadas à saúde humana como imunidade, reações alérgicas, resistência a antibióticos, desenvolvimento, saúde mental, longevidade e doenças relacionadas ao cromossomo X.

O sequenciamento do genoma da abelha doméstica contou com a ajuda de pesquisadores brasileiros, tais como a professora Zilá Luz Paulino Simões, do Departamento de Biologia da USP em Ribeirão Preto, entre outros. A contribuição que coube ao Brasil para o banco de dados do projeto foi o estudo do processo de diferenciação das abelhas em rainhas e operárias. Anteriormente já havia sido seqüenciado o genoma de outros dois insetos, a Drosophila e o Anopheles, considerados menos complexos que a abelha. 

A participação de pesquisadores de outros países abrangeu diferentes aspectos do estudo do genoma da abelha doméstica, ficando os norte-americanos responsáveis pelos genes da resposta imune de abelhas, os australianos estudaram os grupos de genes neuropeptídeos e os alemães os genes determinadores do sexo, além da participação de pesquisadores de outros países, como França, Japão, Bélgica, Dinamarca e Suíça. 

Os sequenciamento do genoma resultou em algumas descobertas, tais como a lenta evolução genômica da abelha quando comparada com a Drosophila e o Anopheles, além disso, descobriu-se também que a A. mellifera  possui maiores semelhanças com os vertebrados quando comparado com os outros dois insetos.

A percepção dos odores no comportamento das abelhas tem grande importância, e a partir do sequenciamento do genoma foi descoberto que os receptores são controlados por 170 genes. Apesar das abelhas estarem sempre expostas a doenças, seu genoma apresenta poucos genes relacionados ao sistema imunológico. 

O tipo de alimento que as abelhas consomem é que define se as larvas vão se desenvolver em rainhas ou operárias. A geléia real produzida pelas abelhas é derivada de proteínas que são codificadas por nove genes e as larvas que receberem essa geléia se desenvolverão em uma rainha. Em relação ao comportamento de aprendizagem e de memória, a questão levantada é a de como um cérebro tão pequeno pode apresentar padrões tão complexos.     Segundo o pesquisador Gene Robinson da Universidade de Illinois, o conhecimento do genoma da abelha doméstica, pode tornar esses insetos mais resistentes a doenças, diminuindo a morte de abelhas e consequentemente o prejuízo na produção de mel.

  
30/10/2006
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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