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Impacto no uso dos biocombustíveis

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Recentemente os níveis de consumo dos biocombustíveis encontram-se bem mais elevados quando comparados aos índices de alguns anos atrás. Investimentos feitos para a obtenção deste produto vem crescendo em diversos países, devido as preocupações globais voltadas para o setor econômico, que pode ser prejudicado pelos impactos ambientais trazidos com as ações do homem. O petróleo utilizado como fonte energética, tem como uma de suas desvantagens, a emissão de um dos principais GEE (Gases de efeito estufa) de vida longa, o gás carbônico (CO 2), que se caracteriza pelo tempo significativamente alto de residência, consequentemente um protagonista importante para o aquecimento global, tornando seu uso cada vez mais incomum, devido as preocupações com a  sustentabilidade dos consumidores de forma geral.

O Brasil vem aumentando a sua participação no cenário internacional na área de exportação e utilização dos biocombustíveis, em especial o biodiesel. Esse destaque pode estar relacionado a um programa existente, chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conhecido também como MDL, em que presta assistência através de projetos alternativos, financiados para países que não participam das normas do protocolo de Quioto, tendo o Brasil incluso neste sistema. O intuito é contribuir para uma redução mundial nas emissões dos gases, permitindo sustentabilidade e diminuição total nas taxas do C02. O destaque brasileiro em relação aos biocombustíveis, pode estar relacionado a estes projetos MDL, porém outros fatores que facilitaram este desempenho, envolve a distribuição de muitas espécies capacitadas na produção de óleos vegetais para a fabricação do biodiesel , tais como a mamona, girassol, amendoim, soja, babaçu, dentre outras centenas encontradas dentro do território nacional. 

A vantagem de se utilizar os biocombustíveis esta na redução dos níveis das emissões de gases poluentes, referindo-se ao uso de maneira integral ou misturado a outras fontes de energia, como exemplo a gasolina com o etanol.  Além de ser uma fonte de energia renovável, diferente dos combustíveis fósseis, onde sua origem vem de recursos naturais.

Porém um aspecto negativo esta no porcentual total das culturas existentes em grande parte do mundo, onde os agricultores, que com uma visão mais ambiciosa, preferem cultivar extratos capazes de gerar biocombustíveis como a cana de açúcar e o milho por exemplo, do que manter apenas a agricultura alimentar. Ocorre também a hipótese de que esta técnica possa favorecer ao impacto ambiental, pois mais áreas deverão ser abertas para a atividade agrônoma, consequentemente haverá maior desmatamento, favorecendo assim, a diminuição da captação do gás carbônico e aumentando o índice de cultivo de plantas que irão propagar na emissão do mesmo e a perda da diversidade biológica.

Dentre os biocombustíveis usados e produzidos, o que esta gerando grande repercussão para o Brasil, é o Biodiesel e Etanol, sendo que o primeiro é o mais recente, estando em destaque no mercado da Alemanha e Estados Unidos.  No Brasil a venda do biodiesel misturado ao diesel de petróleo teve inicio em Dezembro de 2004, hoje essa mistura é vendida regularmente em postos de todo o País. Porém essa mistura se baseia em apenas 5%, legalizado somente em Janeiro de 2010. O etanol por sua vez é foco de estudo no Brasil a mais tempo, tendo atualmente no País a liderança mundial de produção desta biomassa. É uma produção viável para a redução dos gases de efeito estufa (GEE), permitindo uma diminuição de 90% destes e da poluição atmosférica, que consiste no impacto na mudança climática e saúde humana devido as partículas e emissões dos GEE’s.

As características vantajosas dos biocombustíveis, como a redução da dependência energética e a produção dos mesmos através de plantas que absorvem o CO2, incentivaram os Estados Membros da EU no mês Março de 2007, a adaptar o sistema do setor de transportes até 2020, tendo como objetivo a adição de pelo menos 10% dos agrocombustíveis em seus combustíveis fósseis. Desde 1920 o Etano é usado como aditivo na gasolina, porém apenas em 1931 que foi decretada a mistura destes compostos de maneira oficial, e apenas em 1975 foi estabelecida no Brasil a indústria do Etanol combustível, criando o programa do Pro- Álcool.

Há o lado negativo deste crescimento no uso gradual dos biocombustíveis, onde os pesquisadores e entendedores do assunto chamam também como o lado “contra” deste meio alternativo de sustentabilidade. Em primeiro lugar como preocupação maior, esta relacionada a agressividade no uso da energia em que a produção dos biocombustíveis requer, tendo como outro fator bem alarmante, as culturas intensivas, onde muitas  destas espécies fazem parte das principais  produtoras do oxido azoto, considerado também um GEE, em que atua no aquecimento global. Tendo incluso na discussão sobre os impacto trazidos pelos combustíveis biológicos, a utilização de terras para o cultivo dos vegetais voltados para a produção destes também foi mencionada. O que anteriormente era considerado uma grande biomassa altamente capacitada na absorção do CO2, atualmente encontra-se servindo apenas para plantio, como por exemplo florestas tropicais retiradas para espaço de cultivo. Outro fator considerável são as altas produções e culturas necessárias para garantir uma ampla distribuição, consequentemente implica a perda da diversidade biológica e um consumo elevado da água, podendo provocar futuramente um aumento nos preços dos produtos agro alimentares.

O problema esta relacionado ao impacto ambiental, onde a dúvida ainda está na escolha de um mecanismo mais sustentável e em qual das alternativas minimizaria os prejuízos trazidos para o meio ambiente. Uma porcentagem de 30% foi indicada como suficiente para a redução das emissões pela Comissão Europeia de 2008 (Relatório da eurodeputada Dorette Cobery), porém os membros da Comissão Parlamentar do Meio Ambiente foram contra, e debateram com uma porcentagem de 50% no mínimo de redução para garantir uma funcionalidade positiva do sistema. Apesar dos efeitos nevastos que foram apontados para um futuro a base de biocombustíveis, grande parte dos participantes da Comissão concordaram que os benefícios e danos são muito relativos e que dependem fortemente da qualidade da cultura e o volume de sua produção. Dorette Corbey, eurodeputada da Comissão, ainda concluiu que os biocombustíveis podem ser viáveis sim, desde que se selecione os que trarão impactos negativos e os que realmente valem ser investidos.

16/06/2014
Natália T. Cintra Damião - Equipe Biotec AHG
 

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