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Ligante modula ação de receptor

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Uma análise mais ampla sobre a dinâmica do processo de infecção pelo vírus Epstein-Barr (sigla em inglês EBV), com ênfase na interação desse microrganismo com os receptores das células do sistema imunológico conhecidas como linfócitos B, fez parte do estudo realizado por pesquisadores dinamarqueses da Universidade de Copenhagen. O artigo com os resultados foi publicado na edição do dia 19 junho do Journal of Biological Chemistry.

O EBV é amplamente distribuído na natureza, estimando-se que cerca de 80% dos adultos no mundo já tenham sido infectados por ele. Este vírus age sobre os linfócitos B (células B), que possuem receptores específicos. Na grande maioria dos casos, a infecção é assintomática, mas em certos indivíduos aparecem manifestacões clínicas agudas e exuberantes que caracterizam a mononucleose infecciosa. O EBV tem sido associado também a algumas neoplasias humanas, como por exemplo o linfoma de Burkitt.

Para iniciar o processo de infecção nos linfócitos B, o vírus se utilizada de receptores específicos. No recente estudo, os pesquisadores notaram que a sua entrada nas células B estimulou o surgimento de uma grande quantidade de receptores chamados EB12.

Apesar da causa do aumento excessivo dessas estruturas na superfície dos linfócitos ser desconhecida, duas hipóteses foram levantadas: na primeira, eles creditam esse processo a uma resposta das células B à presença do vírus, e a outra aventa a possibilidade do EBV reprogramar o linfócitos para a elevação do número de receptores. A única certeza dos pesquisadores é que o surgimento de mais receptores ajuda na proliferação de linfócitos infectados e consequentemente, a propagação dos vírus.

Para evitar a infecção e consequente o aumento do número de receptores, seria necessário inibir a atividade dos EB12, no entanto, até o momento os cientistas não conhecem nenhum ligante (estrutura de sinalização celular), endógeno ou sintético que tenha essa função. Em seus experimentos, os pesquisadores descreveram um agonista – substância química que atua em determinados recepetores – inverso chamado GSK682753A que age inibindo de forma seletiva a atividade constitutiva do EB12. De acordo com o estudo sua ação foi considerada bastante eficaz.  

Dentre outras descobertas, os cientistas mostraram que a superexpressão do EB12 potencializou o estímulo à proliferação ex vivo de células B de murinos em comparação com as células WT (wild type). Os resultados mostraram que a inibição da atividade constitutiva dos receptores diminuiu a proliferação celular em todos os casos estudados.

De forma geral, os dados encontrados nos experimentos mostraram que é possível diminuir a atividade dos receptores das células B usando um agonista, impedindo a ligação do vírus a esses linfócitos, o que diminui as chances de proliferação do vírus. Com base nesse conhecimento, será possível desenvolver drogas que contenham essas moléculas.

27/08/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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