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China financia estudo do Cenargem

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O projeto “Biotecnologia Genômica para a produção de bioenergia utilizando raízes de reserva de mandioca”, desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (unidade da Embrapa), Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, irá receber uma importante cooperação financeira e técnica da China, por meio do Ministério da Agricultura desse país.

Com uma duração prevista para 5 anos, esse estudo consiste no sequenciamento completo do genoma da mandioca que utilizará técnicas inovadoras de sequenciamento genômico com tecnologia Solexa 30x (short reads), 454 4x (long reads) e bibliotecas BAC. Serão sequenciadas a variedade que é a ancestral brasileira da mandioca como genoma-referência, e a cultivar comercial chinesa (KU500).

Em entrevista concedida à Biotec AHG, o pesquisador explicou que a escolha dessas técnicas foi feita com base na eficiência do sequenciamento em larga escala, no custo da reação e devido à facilidade do seu uso em diferentes complexidades dos genomas.

Outros estudos realizados pelo cientista identificaram mutantes naturais de mandioca ricas em glicose na Amazônia. Com base em testes bioquímicos e genéticos, os cientistas descobriram que o alto teor desse carboidrato poderia ser usado para a produção de alcoóis, inclusive o etanol combustível, sem que fosse necessário realizar a hidrólise do amido, como é feito no processo convencional para produzir álcool de mandioca. Essas mutações, de acordo com o pesquisador, são desconhecidas na variedade chinesa.

Quando questionado sobre as diferenças e semelhanças entre as duas variedades, Carvalho esclareceu que todas as variedades encontradas na china foram trazidas da América do Sul e que no geral são semelhantes às variedades brasileiras em quase tudo, pois a origem e a domesticação da mandioca ocorreram no Brasil há mais de 12.000 anos conforme evidências arqueológicas e por tecnologia de DNA.

“No entanto, algumas diferenças existem em relação à capacidade de floração (que não é a mesma que temos no Brasil), pois na China a maioria das plantas introduzidas não floresce da mesma forma como nas regiões de origem, que é na faixa tropical. Outra diferença é que na China a incidência de pragas e doenças é quase nula, enquanto que no Brasil temos quase tudo, exceto algumas doenças que só ocorrem na África”, explicou o pesquisador.


Idéias promissoras

Com a identificação dos genes responsáveis pelas mutações naturais haverá o benefício de diversos setores da indústria, além daquele de bioenergia. Por meio de técnicas de melhoramento convencional, essas características estão sendo transferidas para variedades comerciais da mandioca na região dos Cerrados. Essas descobertas também são utilizadas para incrementar os estudos genômicos e o conhecimento sobre a funcionalidade dos genes mutados.

A mandioca é uma excelente fonte para a obtenção de bioenergia, e de acordo com o pesquisador da Embrapa, em termos de valor energético da matéria-prima(considerando o amido), o amido da mandioca tem em cada grama cerca de 14000 KiloJaule, e no caso da sacarose, obtém-se cerca de 8 KiloJaule/g. O que difere é a tecnologia de processamento.
08/07/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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